segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Contos Fantásticos de Labaredas de Coito

Encontrei um livro de contos sobre Labaredas de Coito. Partilho convosco uma passagem e, se um dia me aptecer, conto-vos mais.
Cá vai:

"Era uma vez um jovem rapaz de Labaredas de Coito que não gostava de clichés literários. Havia-lhe sido adjudicado um conto para a aula de Língua Portuguesa e o moço, embora ainda sem ideias, sentou-se ao computador da vila mais próxima com um papel e uma caneta na mão. Passaram-se dias e algumas noites (mas mais dias que noites) e nada lhe surgia que pudesse ter alguma utilidade literária. Já com a barba ligeiramente a picar, olhou para trás e avistou D. Rute, proprietária do café da vila com SportTv, a falar com um pinguim rosado. "Estas modernices já chegaram a Labaredas de Coito?" indagou-se o rapaz com a voz gutural que geralmente lhe fala dentro de sua cabeça. Como seria possível que Labaredas de Coito tivesse alguma coisa primeiro do que Verdizela? Até o Sol lá nascia primeiro. Após um segundo olhar, com a barba já mais curta, o jovem rapaz percebeu tratar-se, afinal, de um flamingo. Ele já os conhecera de carnavais passados na margem sul. Na altura em que os vira pela primeira vez tinha-se dado um apagão na região de Alcochete, pelo que o pêlo tinha ficado com uma tonalidade de cor-de-rosa ligeiramente mais escura. Era disto mesmo que o jovem rapaz precisava para iniciar o seu conto. A D. Rute era um exemplo perfeito de uma vida bucólica, chegando mesmo a roçar o urbano, e um dos símbolos máximos da vila. De pronto, descalçou a sapatilha esquerda, coçou a zona entre o dedo mindinho e o dedo anelar do pé esquerdo (causando um vermelhão) e pôs mãos à obra. Deparou-se com um ligeiro problema: a caneta estava sem tinta. Correu, então, o mais que pôde até à aldeia vizinha (ainda sem a sapatilha esquerda), onde afiou a caneta com um afia-lápis (galardoado internacionalmente e considerado património mundial) de um serralheiro velho conhecido. De volta à vila, sentou-se ao computador."

Um final arrebatadoramente surpreendente será revelado numa postagem futura (leia-se, quando eu tiver paciência para arranjar um final coerente para esta estória de elevado requinte literário).

1 comentário:

  1. Este Post é o mais próximo que eu vou alguma vez estar de ter uma trip de ácido.... sem tomar ácidos.

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